quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pai, começa o começo!!



Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia: - “pai, começa o começo!”. O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.
Meu pai faleceu há muito tempo... Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, “começar o começo” de tantas cascas duras que encontro pelo caminho. Hoje, minhas “tangerinas” são outras. Preciso “descascar” as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção do casamento, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes, ou então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.
Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis......
Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai quando lhe pedia para “começar o começo” era o que me dava à certeza que conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta. O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me levaram a pedir ajuda a Deus, meu Pai do Céu, que nunca morre e sempre está ao meu lado. Meu pai biológico me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.
Quando a vida parecer muito árdua e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus:
“Pai, começa o começo!”.
Ele como Pai Eterno e conhecedor de todas as coisas
o fará.
Não sei que tipo de dificuldade eu e você encontraremos pela frente, em nossas vidas. Sei apenas que vou me garantir no Amor Eterno de Deus para pedir, sempre que for preciso: “Pai, começa o começo!”.

Balé Vintage!









O balé (ballare em latim, que significa dança) originou-se nas cortes da Renascença italiana, no século XV e, com o tempo, alcançou toda a Europa, especialmente Inglaterra, Rússia e França. A modalidade foi amplamente explorada, seguindo variadas formas de apresentação.
Sinônimo de disciplina e requinte, o balé, no começo do século XX, tinha uma posição de status maior do que vemos hoje. Seus clássicos marcavam encontros da aristocracia como virtuosos e privilegiados eventos sociais.
Porém, é raro encontrar fotografias antigas que registram os shows e os bastidores do universo do balé. Estas imagens da Biblioteca Estadual da Nova Gales do Sul (Austrália) possuem todo o aparente glamour dramático da fotografia vintage.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

JOHN LENNON


JOHN LENNON

O assassinato de John Lennon em 8 de dezembro de 1980 "produziu" uma das canções mais amargas e incompreensíveis destas últimas décadas, provando que a vida é tão intensa quanto perigosa.


 John Lennon, que nasceu durante a II Guerra Mundial, experimentou desde pequeno a dor dos conflitos humanos que transitam sensivelmente entre o trivial e o catastrófico. O estar longe, estar perto de casa. A ausência do pai e a separação 'subliminar' da mãe. Lennon foi criado pela tia que, apesar de reconhecer no sobrinho um talento sem igual, não acreditava que ele pudesse fazer da arte da música o seu sustento. É a partir deste começo cheio de percalços que a figura de Lennon começa a se formar.
O seu temperamento transgressor, mesclado à sensibilidade e ao humor afiado, acompanharam-no desde jovem. Se por um lado ele não conseguiu se formar e foi posto fora da universidade (Liverpool College of Art) logo no final do primeiro ano, por outro lado esta energia e vitalidade encontraram na música a sua maneira de ser. Foi nesta fase de extrema atividade e vigor do Lennon que os Beatles se formaram e que assistimos nascer uma das parcerias mais celebradas de todos os tempos: John Lennon e Paul McCartney. Um eco eufórico de "Twist and Shout".

O final dos Beatles marca o inicio de um novo momento na carreira e vida de Lennon. Toda aquela euforia e transgressão se vêem esvaziadas de sentido com o fim dos shows e tours, agravando-se ainda mais com a morte de Brian Epstein que, segundo Paul, em entrevista, viria a ser o quinto Beatle. "Strawberry Fields Forever" representa, de maneira simbólica e não menos bela, esta mudança de direção na vida da banda e de um Lennon fragilizado e nostálgico. Embarcando numa viagem (psicodélica) sem bússola. Help!
A trajetória de cada indivíduo é, de maneira geral, marcada por tantas dores quanto alegrias. O divisor de águas é que alguns têm a oportunidade de vivenciar o seu caminho com maior clarividência e plenitude, e daí a vida parece ter um valor maior, e nos comprometemos a ela. É este novo Lennon, mais maduro e introspectivo, em busca da sua identidade, que compõe as músicas mais bonitas e reflexivas da sua carreira: "Mother", "Love", "Working Class Hero", "Oh My Love" e "Imagine", um hino de amor e solidariedade.
A individuação tem seus riscos e preços. E John Lennon parecia muito ciente disto, tanto que suas composições e manifestações artísticas e políticas eram brutalmente honestas e reveladoras. Se amor é tudo de que precisamos, ainda bem que tivemos Lennon e seus múltiplos "eus".


Gigantes de alta tensão:



 Quando pensamos que está já tudo inventado neste mundo globalizado em que vivemos, que inovar é apenas criar do zero, de quando em vez, eis que surge um projecto assoberbante, de uma simplicidade singular, que prova o quanto erramos... Este vem pela mão da firma Choi+Shine Architects. Da América para a terra do vulcão Eyjafjallajökull: The Land Of Giants, Terra de Gigantes.

Landsnet é o nome da empresa pública que detém e gere o sistema eléctrico na Islândia, onde, a título de curiosidade, cerca de 80% da energia eléctrica vem de fontes renováveis e sustentáveis, como é o caso da energia geotérmica. Em 2008, esta empresa, em parceria com a Associação dos Arquitectos Islandeses, lançou um concurso internacional com vista à modificação do design das torres e linhas de alta tensão que atravessam paisagens rurais e adentram áreas urbanas, infraestruturas estas que continuam a assegurar o transporte de energia eléctrica e a ter um forte impacto visual numa das mais belas paisagens do mundo.
Com a durabilidade, custo e, principalmente, o impacto visual e ambiental como mote, foi deixado ao critério dos concorrentes se o design se fundiria com o cenário envolvente ou se, de outra forma, as torres se destacariam como objectos. Foram submetidas verdadeiras obras de arte - não torres de alta tensão, mas belíssimas esculturas. Entre elas estava o projecto da firma americana Choi+Shine Architects, sedeada em Brookline, no Massachussets, e liderada pelos arquitectos Jin Choi e Thomas Shine.
The Land of Giants, como inusitadamente lhe chamaram, consiste na transformação das torres de alta tensão comuns em estátuas antropomórficas de 30 metros de altura, com apenas pequenas alterações à sua sólida estrutura base de aço. Cumprindo dois dos requisitos do concurso, os arquitectos fizeram uso de materiais essencialmente recicláveis, aço, betão e vidro, criando uma estrutura modular de baixo custo: "Apesar do elevado número de formas possíveis, a maior parte das peças são iguais, assim como as ligações entre elas. Este design permite muitas variações em forma e altura, enquanto o custo se mantém baixo dada a produção idêntica e em série, simples montagem e construção.", comentam.


Este todo em partes possibilita que cada figura tenha uma postura e expressão próprias. Assim, de acordo com as necessidades, cada uma pode ser configurada para responder de forma apropriada ao ambiente em que se insere, como explicam os responsáveis pelo projecto: "Quando as linhas eléctricas sobem um monte, as figuras mudam de postura, como se de uma pessoa em escalada se tratasse. (...) Além disso, alterações subtis na cabeça ou nas mãos, combinadas com o reposicionamento das principais partes do corpo, permitem obter uma rica variedade de expressões. As figuras podem ser emparelhadas, caminhando na mesma direcção ou em direcções opostas, olhando-se mutuamente...".


Apesar do seu magnífico trabalho, a Choi+Shine Architects não venceu o concurso lançado pela Landsnet, mas viu-o laureado com uma menção honrosa e pelo interesse da empresa em construir duas das versões das figuras, uma masculina e outra feminina, como monumentos funcionais às portas de Reykjavík, a capital e maior cidade da Islândia. Talvez pela dura crise económica que o país tem sofrido, a construção não aconteceu, ainda, como vinca a firma americana, expressando directamente a sua esperança de que se venham a erguer as duas figuras já enviadas à empresa energética.

Quer vejamos ou não estes gigantes, aparentemente errantes, vagueando pela paisagem desta ilha do norte da Europa, certo é que esta equipa de arquitectos conseguiu transformar mundanas instalações eléctricas em verdadeiras obras de arte, monumentos, ainda que virtuais, que continuam a ser premiados, como recentemente com o 2010 Boston Society of Architects Unbuilt Architecture Award. Que The Land of Giants / Terra de Gigantes, seja o primeiro de muitos sucessos para esta jovem e talentosa equipa.


Paraíso Australiano: Saffire Freycinet






Também conhecido como a jóia da Tasmânia, talvez se encontre entre um dos poucos resorts de luxo em que a companhia de um bom livro, boa música e todos os seus gadgets se façam completamente desnecessários pela sua beleza arrebatadora. Vamos a ele.
O resort contém todos os ingredientes para deixar qualquer hóspede de queixo caído, sem fôlego ou palavras, a começar pelo entorno. Situado na costa leste da Austrália, o hotel Saffire é banhado por praias paradisíacas e um mar azul cristalino, onde corais e recifes temperados reinam triunfantes entre uma fauna bastante diversa. Planejado pelos arquitetos locais Morris Nunn and Associates, o Saffire oferece apenas 20 suítes de luxo que variam de 80 a 140 m², em uma estrutura transparente para lá de moderna, que consegue realizar a união perfeita entre a natureza e a arquitetura sustentável, graças à fachada de vidro e aos tetos ondulados que encompassam toda a construção e suas áreas amplas e integradas.
Além da decoração impecável, que mescla móveis tradicionais (feitos por artesãos locais) e clássicos (as estimadas cadeiras de Charles & Ray Eames e Herman Miller), e dos banheiros de mármore com azulejos aquecidos, as suítes, todas com vista para as montanhas e o mar, oferecem ainda acesso à internet sem fio, persianas com controle remoto e, se for inverno, uma garrafa de chocolate quente. Claro.

Para os aventureiros e exploradores de plantão o hotel oferece vários pacotes tendo em vista a riqueza da região. Eles compreendem passeios pela premiada fazenda de ostras do Pacífico, caminhadas pelo Parque Nacional de Freycinet, degustação de vinhos locais, entre outras atividades não menos revitalizantes: ciclismo, pesca, corrida e caiaque, que o levarão a encerrar o dia com os prazeres da culinária local.
E se depois de tudo isso a paisagem não for suficiente para restaurar as energias dos mais exigentes, poderão então experimentar o poder transformador do Spa Saffire, que conta com um grupo seleto de massagistas e terapeutas que irão elaborar um programa único e individual, visando o enriquecimento do corpo e da mente. Uma experiência que não deixará de lado nenhum dos cincos sentidos.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Entre a inocência da infância e a compostura da maturidade,há uma deliciosa criatura chamada criança. Embora se apresentem em tamanho, pesos e cores sortidos, todas as crianças tem o mesmo credo: aproveitar cada minuto de todas as horas de todos os dias e protestar ruidosamente ( pois o barulho é sua única arma ) quando seu último minuto é decretado e os adultos os empacotam e os colocam na cama. Crianças são encontradas em toda parte: em cima de, embaixo de, dentro de, subindo em, balançando-se no, correndo em volta de, pulando para... As mães as adoram, irmãos e irmãs mais velhos assuportam, adultos as ignoram, o céu as protege. Uma criança é a verdade com o rosto sujo, a beleza com um corte no dedo, a sabedoria com um chiclete no cabelo, a esperança do futuro com uma rã no bolso. Quando você está ocupado, uma criança é uma conversa fiada, intrometida e amolante. Quando você deseja que ela cause boa impressão, seu cérebro vira geléia ou ela se transforma numa criatura sádica e selvagem empenhada em destruir o mundo ao seu redor. Uma criança é um ser híbrido: o apetite de um cavalo, a energia de uma bomba atômica de bolso, a curiosidade de um gato, os pulmões de um ditador, a imaginação de um Julio Verne, o retraimento de uma violeta, o entusiasmo de um bombeiro e quando se mete a fazer alguma coisa é como se tivesse cinco polegares em cada mão. 
Gosta de sorvete, canivete, serrote, pedaços de pau, bichos grandes, dos pais, sábados, domingos e feriados e mangueiras d água. Não é partidária do catecismo, escola, livros sem figuras, lições de música, colarinhos, barbeiros, agasalhos, adultos e "hora de dormir". Ninguém se levanta tão cedo , nem chega tão tarde para o jantar. Ninguém se diverte tanto com árvores, cachorros e mosquitos. Ninguém é capaz de colocar num só bolso: um canivete enferrujado, uma maçã comida pela metade, um metro e meio de barbante, um saco plástico, dois chicletes, três moedas, um estilingue e fragmentos de substância ignorada. Uma criança é uma criatura mágica; você pode mantê-la fora de seu escritório, mas não pode expulsá-la de seu coração. Pode pô-la fora da sala de visitas, mas não pode tirá-la de sua mente. Queira ou não, ela é seu captor, seu dono, seu patrão, um nanico, um saco de encrencas. Mas, quando, à noite você chega em casa com suas esperanças e seus sonhos reduzidos a pedaços, ela possui a magia de soldá-los num segundo, pronunciando duas simples palavras: "alô papai, alô mamãe"....