quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

JOHN LENNON


JOHN LENNON

O assassinato de John Lennon em 8 de dezembro de 1980 "produziu" uma das canções mais amargas e incompreensíveis destas últimas décadas, provando que a vida é tão intensa quanto perigosa.


 John Lennon, que nasceu durante a II Guerra Mundial, experimentou desde pequeno a dor dos conflitos humanos que transitam sensivelmente entre o trivial e o catastrófico. O estar longe, estar perto de casa. A ausência do pai e a separação 'subliminar' da mãe. Lennon foi criado pela tia que, apesar de reconhecer no sobrinho um talento sem igual, não acreditava que ele pudesse fazer da arte da música o seu sustento. É a partir deste começo cheio de percalços que a figura de Lennon começa a se formar.
O seu temperamento transgressor, mesclado à sensibilidade e ao humor afiado, acompanharam-no desde jovem. Se por um lado ele não conseguiu se formar e foi posto fora da universidade (Liverpool College of Art) logo no final do primeiro ano, por outro lado esta energia e vitalidade encontraram na música a sua maneira de ser. Foi nesta fase de extrema atividade e vigor do Lennon que os Beatles se formaram e que assistimos nascer uma das parcerias mais celebradas de todos os tempos: John Lennon e Paul McCartney. Um eco eufórico de "Twist and Shout".

O final dos Beatles marca o inicio de um novo momento na carreira e vida de Lennon. Toda aquela euforia e transgressão se vêem esvaziadas de sentido com o fim dos shows e tours, agravando-se ainda mais com a morte de Brian Epstein que, segundo Paul, em entrevista, viria a ser o quinto Beatle. "Strawberry Fields Forever" representa, de maneira simbólica e não menos bela, esta mudança de direção na vida da banda e de um Lennon fragilizado e nostálgico. Embarcando numa viagem (psicodélica) sem bússola. Help!
A trajetória de cada indivíduo é, de maneira geral, marcada por tantas dores quanto alegrias. O divisor de águas é que alguns têm a oportunidade de vivenciar o seu caminho com maior clarividência e plenitude, e daí a vida parece ter um valor maior, e nos comprometemos a ela. É este novo Lennon, mais maduro e introspectivo, em busca da sua identidade, que compõe as músicas mais bonitas e reflexivas da sua carreira: "Mother", "Love", "Working Class Hero", "Oh My Love" e "Imagine", um hino de amor e solidariedade.
A individuação tem seus riscos e preços. E John Lennon parecia muito ciente disto, tanto que suas composições e manifestações artísticas e políticas eram brutalmente honestas e reveladoras. Se amor é tudo de que precisamos, ainda bem que tivemos Lennon e seus múltiplos "eus".


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